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Contraceptivo masculino está mais próximo da realidade
13/12/2018 às 12:17:38
Um método contraceptivo masculino está mais próximo de chegar ao mercado. Pesquisadores americanos começarão a testar um produto em gel que tem a capacidade de bloquear a produção natural de testosterona (hormônio sexual masculino) nos testículos e assim reduzir a produção de espermatozoides nos homens que não desejam engravidar a parceira.
“Este gel seria o primeiro método de contracepção controlado pelo usuário e destinado aos homens desde a adoção do preservativo. Esperamos que seja uma forma aceitável de contracepção que os casais queiram usar”, disse Diana Blithe, chefe do programa de desenvolvimento de anticoncepcionais do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano, à NBC News.
Pesquisa
Antes de chegar ao mercado, o produto precisa ser testado. Quem está à frente do estudo é uma esquipe do renomado Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano do Estados Unidos (NICHD, na sigla em inglês), que pretende testar o novo método em 420 casais do mundo todo.
O tratamento experimental é um gel à base de progestina e testosterona. O produto deve ser aplicado nas costas e nos ombros do homem e é absorvido pela pele. A escolha do formato está associada ao tipo de composto utilizado na formulação. Segundo os pesquisadores, ambos os hormônios duram mais tempo e funcionam melhor quando a dose é aplicada através da pele.
O acetato de segesterona (progestina), não é absorvido pelo corpo quando utilizado em pílula oral, um dos modelos mais comuns de anticoncepcionais. Além disso, a testosterona tem baixa taxa de permanência no corpo quando em pílula.
Como funciona?
O papel da progestina é enganar o corpo masculino a pensar que não precisa produzir espermatozoides. Quando expostos a uma quantidade mais alta de progesterona – o que acontece quando utilizam o gel -, os testículos entendem que há hormônio suficiente e não é necessário produzir mais. No entanto, se o corpo não produz este hormônio, o organismo masculino pode ficar desregulado e causar problemas como baixa libido e perda muscular. Por isso, os pesquisadores incluíram a testosterona na fórmula, mesmo em doses baixas.
“O potencial desse novo gel é enorme. Existe uma crença de que os homens não estão interessados ou mesmo têm medo de recursos que forneçam a possibilidade de controlarem a própria fertilidade, mas isso não é verdade”, disse William Bremner, um dos responsáveis pelos testes do gel, à NBC News.
Testes clínicos
Para testar o funcionamento do produto, os participantes serão monitorados de 4 a 12 semanas para determinar se eles toleram a formulação e para garantir que não experimentem efeitos colaterais inaceitáveis. Nesse período, eles deverão aplicar o produto nas costas e nos ombros, uma vez ao dia. Se os níveis de esperma não diminuírem adequadamente, eles continuarão a usar a formulação por até 16 semanas.
Uma vez que seus níveis de esperma tenham diminuído o suficiente para a contracepção, eles entrarão na fase de eficácia, que avaliará a capacidade da formulação para prevenir a gravidez. Quando isso acontecer, as parceiras deixarão de usar o próprio controle de natalidade para que os pesquisadores observem, na prática, a eficácia do gel.
Esta fase terá a duração de 52 semanas e o casal contará com a aplicação do gel pelo parceiro como o único método de contracepção. Os homens permanecerão no estudo por mais 24 semanas após a descontinuação da formulação para observação.
De acordo com os pesquisadores, análises anteriores realizadas apenas com homens indicaram que a abordagem de fato reduz a produção de espermatozoides, que pode ser recuperada uma vez que se interrompa a utilização do produto. Além disso, não há registro de efeitos colaterais.
Eficiência
Quando o assunto é controle de natalidade, a eficiência é um ponto fundamental. Segundo Diana, se utilizado adequadamente, seguindo as aplicações diárias, a chance de falha é mínima. No caso de o homem esquecer de utilizar por um dia, em teoria, não haveria consequências; o problema estaria em interromper o uso por mais de três dias. Para a especialista, as taxas de falha do gel são menores do que a dos preservativos (12% a 13%) e das pílulas hormonais (7%).
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