ARTIGOS
O que é PrEP?
21/08/2018 às 00:35:36
Desde janeiro deste ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a ofertar uma nova modalidade de prevenção ao HIV: A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (Prep).
A PrEP consiste no uso de medicamento anti-HIV de forma programada para evitar uma infecção pelo HIV. A PrEP, da forma que está aprovada no Brasil, consiste no uso diário e contínuo do medicamento. Caso haja uma exposição (situação de risco), o medicamento não permite que o HIV se instale no organismo.
A PrEP é usada nos Estados Unidos há 6 anos e recentemente foi adotada por outros países. Essa profilaxia começou a ser oferecida no Brasil, por meio do SUS no final de 2017, de forma gradual.
A medicação 2 em 1 usada para PrEP (tenofovir e entricitabina) foi originalmente usada para o tratamento de pessoas com HIV, e ainda é usada para isso. Com o tempo, diversos estudos mostraram que essa medicação poderia proteger pessoas que não tinham o HIV, evitando que elas se infectassem. Essa proteção já havia sido observada quando os medicamentos anti-HIV eram usados em gestantes infectadas para evitar a transmissão do vírus para o bebê.
Assim, os medicamentos de PrEP funcionam bloqueando alguns “caminhos” que o HIV usa para infectar o organismo. Se você tomar PrEP diariamente, a medicação pode impedir que o HIV se estabeleça e se espalhe em seu corpo. Se você não tomar os comprimidos todos os dias, pode não haver quantidade suficiente do medicamento no seu sangue para bloquear o vírus.
Cada pessoa tem um jeito de viver sua sexualidade, uma estratégia própria para se prevenir do HIV. Algumas pessoas preferem utilizar o preservativo durante as relações sexuais, outras evitam a penetração no ânus ou na vagina. Há aqueles que fazem o teste anti-HIV a cada seis meses e combinam com seus parceiros estáveis como se prevenir com outras pessoas.
Entre os diversos métodos disponíveis, a PrEP é o mais recente. Pode ser muito útil para quem tem dificuldade no uso do preservativo.
Há diversos motivos pelos quais uma pessoa não usa preservativo em 100% das suas relações sexuais. Ela pode ter dificuldade em ter prazer ou mesmo uma ereção. Ela pode ainda perder o controle da situação quando está sob efeito de álcool ou outras drogas. Às vezes, a pessoa não consegue exigir o preservativo do parceiro, seja por estar vivendo um período de baixa autoestima ou com questões de saúde mental, seja por estar numa relação em que ela tem menos poder de diálogo ou negociação com o parceiro.
Independentemente do motivo, a PrEP é uma opção para essas pessoas. Com a PrEP, a prevenção ao HIV não dependerá mais da colaboração do parceiro e, diferentemente do preservativo, não precisará ser colocada em prática na hora do sexo – momento em que decisões podem ser mais difíceis.
Para pessoas que conseguem usar o preservativo na maior parte das relações sexuais, a PrEP acaba funcionando bem para “cobrir” as situações de falha no uso do preservativo. Ou seja, o uso combinado dos dois métodos – simultâneos ou não – ao longo da vida sexual da pessoa acaba garantindo uma proteção ótima contra o HIV.
A PrEP não protege contra outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) e gravidez, mas já pode significar um grande benefício ao evitar pelo menos o HIV. Além disso, usar PrEP significa estar em acompanhamento médico regular.
É importante ressaltar que a PrEP não é para todos. Os médicos prescrevem PrEP para pessoas que tenham uma maior chance de entrar em contato com o HIV.
Não usar preservativo, ainda que ocasionalmente, representa um risco diferente para pessoas diferentes. Para algumas populações que têm sido historicamente vulnerabilizadas à infecção pelo HIV, o risco de uma única relação sem preservativo é maior.
No SUS, a PrEP é disponibilizada para pessoas HIV-negativas das seguintes populações: homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens; pessoas trans (mulheres transexuais, travestis, homens trans e pessoas não-binárias);profissionais do sexo ou pessoas que eventualmente recebam dinheiro ou benefícios em troca de serviços sexuais; pessoas que estejam se relacionando com uma pessoa vivendo com HIV (casais sorodiferentes).
No entanto, não basta pertencer a uma dessas populações.
Será avaliado também se há sinais de que a pessoa tenha de fato vivido situações de risco recentemente, como status de relacionamento, se fez sexo sem camisinha, ou teve infecções sexualmente transmissíveis (IST).
No caso dos casais sorodiferentes, também conta se o parceiro vivendo com HIV está em tratamento regular e com boa adesão ao medicamento. Se sim, e se ele estiver com carga viral indetectável há pelo menos seis meses, ele já não transmite o vírus. Portanto, no caso de casais sorodiferentes que queiram fazer sexo sem camisinha, o parceiro HIV-negativo tem autonomia para decidir se tomará a PrEP ou se usará como método de prevenção a indetectabilidade do parceiro.
Não se deve confundir a PrEP com a PEP (profilaxia pós-exposição). A PEP é o uso de medicamento anti-HIV em caráter de urgência, após uma situação de risco, por somente 28 dias, e já está disponível no Brasil há anos. Já a PrEP é o uso programado, ou seja, a pessoa começa a tomar ANTES da próxima exposição e toma por um tempo indefinido. Os medicamentos usados na PrEP e na PEP são diferentes.
Para saber mais:
Disque DST/Aids: 0800-16 25 50
Conversaria Sem Tabu
WhatsApp: (11) 99130-3310
Clique aqui e veja os serviços que disponibilizam PrEP em São Paulo.
* Artur Kalichman é coordenador do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo.